domingo, 31 de outubro de 2010

Deixe-me...

E se foi tudo uma mentira agradável, deixe-me crer ao menos que estive sonhando por uma noite imperfeitamente minha, em que eu construía os castelos, de torres altas e inalcançáveis.



Deixe-me crer que não te dei o gosto de se aproximar ou de se quer me querer, e nem mesmo pisquei de lado ou sorri sem graça quando esteve por perto.


Permita-me, gentilmente, acreditar que o lago era fundo e que não me afoguei por resolver nadar sempre contra a corrente, e sim, o seu lago me empurrava para a margem a todo momento.


Deixe-me dirigir minhas idéias e posicionar os atores da melhor forma, com as melhores máscaras e o mais eloqüente diálogo.


Deixe-me te fazer entender de que sou doce, azedo é o meu reflexo e a pena é que tu sejas meu espelho.


Aceite que eu toque seu rosto mais uma vez e mais outra, e sempre enquanto eu queira, ou até dizer-me que és proibido.


Deixe-me entender meus defeitos perto de ti e saber superá-los diante dos seus, tão mais realçados.


Deixe-me cansar de possuir, e desfrutar da delícia de ser posse.


Deixe-me escrever sem rumo, indiferente ao seu julgamento ou à sua auto-identificação com minhas palavras.


Deixe-me livre, no deserto sem saudade, sem remorso só, sem amarras, como um barco embriagado ao mar.

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